Malta Inspirada: Como a Inês e a Carmo vão à boleia pelo oceano atlântico e mar mediterrâneo

Editor Inspiring Future
9 maio 2019

O projeto da Carmo e da Inês chama-se Life on Board e é mesmo isso a que estas estudantes portuguesas se propuseram: viver a bordo. O objetivo é passar 100 dias a velejar, um pouco por onde o vento as levar, mas a rota esta traçada: sair de Lisboa em direção aos açores, mas são flexíveis.

Como vão à boleia, têm de, primeiro “acreditar”, como quem tem fé, que vai haver alguém a fazer o mesmo trajeto que elas.” se não formos para os açores, vamos para o sul de Espanha. a ordem pode trocar, em vez de fazermos açores, madeira, canárias, lagos, podemos fazer lagos, canarias, madeira, açores... quando vais à boleia tens de ser flexível.”

Além da flexibilidade de calendário, também têm de conseguir divulgar a causa, que “passa muito por falar com pessoas que estão no mar, que têm barcos… temos de fazer posts à procura de boleia. Falar com toda a gente sobre a tua viagem... e vão aparecendo oportunidades”, contam. “algumas pessoas vão nos sugerindo outras.”

Carmo e Inês não são novatas nisto. “Nós temos experiências de vela”, conta Inês, que desde os 13 anos que anda nestas lides, primeiro em vela ligeira e depois em vela de cruzeiro. trabalhou em turismo náutico, onde também aprendeu outras competências. Já a Carmo faz vela desde o desporto escolar [sim, existe vela no desporto escolar, pelo menos na escola onde ela andava!]. Depois do desporto escolar passou para o Clube Naval de Cascais; o pai dela já fazia regatas e aproveitou a boleia ao longo dos anos para agora se lançar sozinha.

 

For now... closer to the clouds than the water. #lifeonboard #100daysonboard #hitchhiking #sailingboats #mooringo

Uma publicação partilhada por life ON board (@life.onboard) a

Então, e há muita gente assim a oferecer boleia de barco?

“Há pessoas que vivem e outras que trabalham nos barcos. Podemos ir com uma família que vive a bordo, com uma skipper que está a trabalhar ou com alguém que esteja de férias, a fazer um passeio, e nos leva. A boleia é à base dos custos divididos: seguro, alimentação, combustível... temos de ter um orçamento para isso. como para viagens em terra.”

Antes de se lançarem a alto mar com esta viagem maior, as aventureiras já tinham feito um teste pelo sul de Espanha. Entraram num barco com um casal sueco, onde puderam testar algumas situações: “chegamos a eles através de um papel que andávamos a distribuir nas marinas, que dizia Crew; eles viram o cartaz e disseram que tinham acabado de passar por Lisboa, e que se quiséssemos que poderíamos entrar com eles no barco no sul de Espanha... essa era uma opção B mas depois de todos os planos falharem..." tornou-se uma opção A e lá foram ter com eles através da aplicação de boleias Bla Bla Car.

 

 

A WEBSUMMIT E UM PATROCINADOR INESPERADO

Inês e Carmo vão também à boleia da Mooringo, uma aplicação que é “uma espécie de airbnb para os lugares nas marinas. É o patrocinador do Life on Board e permitiu-lhes também desenvolver outro tipo de competências. “Tivemos de aprender a lidar com essa parte empresarial, com parceiros, até mesmo a comunicação que temos de estabelecer. Nós tínhamos a viagem e precisávamos de apoios e encontramos. Assim foi mais fácil.”

“umas das tarefas que temos de fazer é ir às marinas e divulgar à aplicação, para que as estas comprem a aplicação. Temos de saber fazer o pitch, sublinhar as coisas boas da aplicação... todas estas competências de vendas são boas para o nosso futuro”, contam.

Conheceram-se no Web Summit, onde a Carmo foi voluntária. “No fim do dia tirei a camisola e fui ver os stands e um senhor pergunta-me se eu gosto de velejar. Achei muito estranho, ainda tentei perceber se tinha alguma marca do sol ou assim que me denunciasse. ‘Como é que sabes?! Não sei mas é o meu trabalho perguntar’ Apresentei-lhe o nosso projeto e ele achou interessante, até porque coincidia com a rota de expansão da empresa.”

Alguma recomendação para aqueles que dizem que é muito difícil fazer uma viagem destas?

“Nós queremos inspirar os portugueses e mostrar que ir para o mar não é difícil, que isto não é um nicho. Ainda não se pensa muito em ir para o mar, mas há barcos suficientes, bom tempo, muito mar. Não podemos é ficar em casa a jogar jogos no pc ou ser esquisitos - ter muitos requisitos. Temos as datas flexíveis, neste caso.”, contam.

Quanto à experiência em si, e os sentimentos que vivem em alto mar, ambas são perentórias: "A melhor coisa é estar na imensidão do oceano, estar desligado de tudo... és só tu e a natureza... nem há rede. Para as emergências é o serviço de rádio que está disponível."

Boa viagem, malta inspirada!!